Cerrar Almaraz y todas las demás
Foi esta a palavra de ordem ouvida ontem,
domingo, dia 8 de Setembro, em Navalmoral de la Mata, cidade mais próxima da
central nuclear espanhola de Almaraz, construída nas margens do rio Tejo, muito
perto da fronteira com Portugal.
Ao apelo de várias organizações
ambientalistas espanholas, como foi o caso da ADENEX e dos Ecologistas en
Acción, compareceram partidos políticos, como a Izquierda Unida e o EQUO, e
mais de três centenas de manifestantes.
No protesto participou uma delegação da
Associação Ambiente em Zonas Uraníferas (AZU), a qual, através do seu
presidente, António Minhoto, deu o seu contributo para a conferência de
imprensa realizada à porta da central nuclear e interveio no comício realizado
no final da manifestação.
Os representantes das várias organizações
insistiram nos perigos da opção, em termos energéticos, pelo nuclear, perigos
esses já por demasiadas vezes materializados através dos gravíssimos impactos
ambientais e dos milhares de vítimas mortais ou com malformações nos recém
nascidos, como sucedeu nos casos mais mediáticos de Chernobyl e Fukushima, mas
também na própria região de Almaraz, aquando da fuga de material radioativo em
1988. Mais foi denunciado que as avarias nestas centrais acontecem com
preocupante frequência, no caso particular de Almaraz, com as consequências
negativas que advêm para o ambiente e para o rio Tejo, e que, sempre que
sucedem, são desvalorizadas ou omitidas pelos responsáveis da central.
No caso português, os perigos são
evidentes, dado que as águas do Tejo servem várias populações e a própria
cidade de Lisboa.
Foram ainda defendidas as alternativas
energéticas vantajosas do ponto de vista económico e sem impactos ambientais
negativos, para além de ter sido demonstrado que é uma falsa questão o facto de
o encerramento da central nuclear poder contribuir para o aumento do desemprego
na região.
Na sua intervenção na conferência de
imprensa, António Minhoto – não deixando de sublinhar a necessidade do combate
conjunto dos povos português e espanhol, a exemplo da luta solidária do passado
contra as ditaduras fascistas de Salazar e Franco – também se referiu aos
drásticos impactos da energia nuclear, não esquecendo o legado negativo da
extração de urânio em Portugal, quer no ambiente, quer na vida humana, e chamou
a atenção para o facto de a existência das centrais nucleares estar
condicionada à extração daquele minério, pelo que é fundamental que, a
montante, se acabe de vez com a extração nas zonas uraníferas.
A AZU deu a conhecer e aproveitou para
convidar as organizações presentes para outras iniciativas, como são os casos
do próximo “Vogar Contra a Indiferença”, que se vai realizar em defesa do rio Tejo,
e que inclui, nos seus objectivos, o alerta para o perigo que constitui a
central nuclear de Almaraz, iniciativa que terá a sua 4ª edição no próximo dia
19 de outubro, e que consistirá numa descida de canoa no Tejo, com início nas
Portas de Ródão, pelo simbolismo do local, dado que em Vila Velha de Ródão estão
instaladas fábricas de celulose, com o conhecido impacto ambiental negativo; e
do Encontro em Defesa da Água como um Bem Público, que se realizará em 2014,
contra a privatização da água e contra a poluição de que são alvo os rios
portugueses.
Viseu, 9 de setembro de 2013,
O Presidente da Associação Ambiente em Zonas Uraníferas,
António Minhoto
Fui um dos portugueses que participou na jornada antinuclear de Almaraz. Uma coisa é o conhecimento, vá lá, teórico, outra coisa é contactar a realidade no terreno. E no terreno fica-se a conhecer que Fukushima é desgraça que pode não acontecer só aos outros, longe daqui. Também se fica a conhecer que vale tudo para os donos do mundo, no caso concreto, do lobby que ganha à conta do nuclear (que se lixem o ambiente e a vida humana quando outros valor€$ mais alto se "alevantam").
ResponderEliminarNão esquecer que, como diz o comunicado da AZU, as centrais nucleares só são possíveis se a montante existir a exploração de urânio.