A associação ambiental AZU -
Ambiente em Zonas Uraníferas, ao tomar conhecimento da apresentação
pública da candidatura da recuperação ambiental da mina de urânio
da Quinta do Bispo, no concelho de Mangualde, hoje, pelas 14,30
horas, bem como da inauguração da recuperação da Mina do
Castelejo, no concelho de Gouveia, não pode deixar de tomar a
seguinte posição:
A AZU, que sempre lutou pela
recuperação ambiental das minas de urânio, muitas vezes
enfrentando incompreensões e falta de sensibilidade de alguns
autarcas para esta urgência, congratula-se com a apresentação da
candidatura da recuperação ambiental da mina da Quinta do Bispo,
que só peca por tardia.
A mina da Quinta do Bispo encontrava-se
no nível 2 da lista de prioridades da EDM, tendo em conta que se
trata de uma mina com um grande impacto ambiental negativo nas zonas
envolventes, quer na agricultura, quer nas pessoas (visto ficar perto
das povoações), quer na água (as suas águas contaminadas vão
desaguar à Ribeira do Castelo, afluente do Rio Mondego).
Note-se que a A.R. (Assembleia da
República) decretou em 2001 a recuperação das minas, algumas
abandonadas há mais de 40 anos, tendo em conta as denúncias àcerca
dos impactos conhecidos na saúde das populações envolventes.
Em 2007 encerrou-se as escombreiras da
Barragem Velha da Urgeiriça onde estavam
depositadas mais de quatro milhões de
toneladas de resíduos industriais perigosos (radioactivos), o que
colocou estes trabalhos no nível 1 das prioridades da EDM.
Assim, só passados 17 anos de a A.R.
ter aprovado o processo de recuperação ambiental das minas e
passados 11 anos da conclusão das obras de confinamento, selagem e
drenagem das escombreiras da Urgeiriça é que é apresentada a
candidatura da recuperação ambiental da mina da Quinta do Bispo. A
gravidade de tal situação fica bem patente ao recordarmos que já
no tempo em que a Câmara Municipal de Mangualde era presidida por
Soares Marques, foram mandados encerrar todos os fontanários da
Cunha Baixa, em virtude de o Delegado de Saúde de Mangualde ter
averiguado a contaminação da água.
Outro motivo de preocupação para a
AZU é o facto da Mina de Mondego Sul, situada junto à Barragem da
Aguieira, o que pôe em risco as águas do rio Mondego, ter visto o
seu projecto de recuperação apresentado publicamente em Janeiro de
2017 pelo Secretário de Estado da Energia, orçamentado em cerca de
5 milhões de euros, sem que até ao momento os trabalhos tenham
sequer começado.
Também nos continua a preocupar o
atraso na descontaminação das casas do bairro mineiro da Urgeiriça,
cuja celeridade nos trabalhos foi aprovada por unanimidade na
Assembleia da República, tendo já sido feito o levantamento de
todas as habitações a intervencionar pelo Departamento da Terra da
Universidade de Coimbra, tanto mais que em algumas destas moradias
só é aconselhado habitar poucas horas por dia, sob risco de
perigo para a saúde dos moradores, por exposição radioactiva.
A AZU, perante estes atrasos, irá
solicitar à Comissão Parlamentar do Ambiente uma visita à
Urgeiriça , bem como uma reunião com a EDM no sentido de imprimir
maior celeridade na resolução deste problema que se arrasta há
mais de quatro décadas.
8 de Setembro de 2018
A Direcção da AZU
Sem comentários:
Enviar um comentário