domingo, 9 de setembro de 2018

Recuperação ambiental da mina da Quinta do Bispo


COMUNICADO DE IMPRENSA DA AZU

A associação ambiental AZU - Ambiente em Zonas Uraníferas, ao tomar conhecimento da apresentação pública da candidatura da recuperação ambiental da mina de urânio da Quinta do Bispo, no concelho de Mangualde, hoje, pelas 14,30 horas, bem como da inauguração da recuperação da Mina do Castelejo, no concelho de Gouveia, não pode deixar de tomar a seguinte posição:

A AZU, que sempre lutou pela recuperação ambiental das minas de urânio, muitas vezes enfrentando incompreensões e falta de sensibilidade de alguns autarcas para esta urgência, congratula-se com a apresentação da candidatura da recuperação ambiental da mina da Quinta do Bispo, que só peca por tardia.


A mina da Quinta do Bispo encontrava-se no nível 2 da lista de prioridades da EDM, tendo em conta que se trata de uma mina com um grande impacto ambiental negativo nas zonas envolventes, quer na agricultura, quer nas pessoas (visto ficar perto das povoações), quer na água (as suas águas contaminadas vão desaguar à Ribeira do Castelo, afluente do Rio Mondego).

Note-se que a A.R. (Assembleia da República) decretou em 2001 a recuperação das minas, algumas abandonadas há mais de 40 anos, tendo em conta as denúncias àcerca dos impactos conhecidos na saúde das populações envolventes.

Em 2007 encerrou-se as escombreiras da Barragem Velha da Urgeiriça onde estavam
depositadas mais de quatro milhões de toneladas de resíduos industriais perigosos (radioactivos), o que colocou estes trabalhos no nível 1 das prioridades da EDM.

Assim, só passados 17 anos de a A.R. ter aprovado o processo de recuperação ambiental das minas e passados 11 anos da conclusão das obras de confinamento, selagem e drenagem das escombreiras da Urgeiriça é que é apresentada a candidatura da recuperação ambiental da mina da Quinta do Bispo. A gravidade de tal situação fica bem patente ao recordarmos que já no tempo em que a Câmara Municipal de Mangualde era presidida por Soares Marques, foram mandados encerrar todos os fontanários da Cunha Baixa, em virtude de o Delegado de Saúde de Mangualde ter averiguado a contaminação da água.

Outro motivo de preocupação para a AZU é o facto da Mina de Mondego Sul, situada junto à Barragem da Aguieira, o que pôe em risco as águas do rio Mondego, ter visto o seu projecto de recuperação apresentado publicamente em Janeiro de 2017 pelo Secretário de Estado da Energia, orçamentado em cerca de 5 milhões de euros, sem que até ao momento os trabalhos tenham sequer começado.

Também nos continua a preocupar o atraso na descontaminação das casas do bairro mineiro da Urgeiriça, cuja celeridade nos trabalhos foi aprovada por unanimidade na Assembleia da República, tendo já sido feito o levantamento de todas as habitações a intervencionar pelo Departamento da Terra da Universidade de Coimbra, tanto mais que em algumas destas moradias só é aconselhado habitar poucas horas por dia, sob risco de perigo para a saúde dos moradores, por exposição radioactiva.
A AZU, perante estes atrasos, irá solicitar à Comissão Parlamentar do Ambiente uma visita à Urgeiriça , bem como uma reunião com a EDM no sentido de imprimir maior celeridade na resolução deste problema que se arrasta há mais de quatro décadas.

8 de Setembro de 2018
A Direcção da AZU

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