A associação Ambiente em Zonas Uraníferas (AZU) anunciou que vai pedir à Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) e ao Ministério da Economia que avancem «urgentemente» com a descontaminação das casas da zona habitacional mineira da Urgeiriça.
Actualmente, estão em curso trabalhos de descontaminação de vários locais das zonas industrial e habitacional da Urgeiriça (Canas de Senhorim, Nelas), onde durante décadas esteve sediada a Empresa Nacional de Urânio (ENU).
Acompanhados por técnicos da EDM, membros da AZU visitaram os trabalhos no âmbito de uma empreitada orçada em cerca de 1,8 milhões de euros, que consiste sobretudo em decapagens de arruamentos, saneamentos e recomposições de terrenos, de modo a que fiquem com valores admissíveis de radioactividade.
«Vamos junto da EDM e do Ministério da Economia insistir que o projecto das casas não pode estar ainda em banho Maria, porque há pessoas que estão a viver com níveis [de radioactividade] que não são aceitáveis», disse aos jornalistas o presidente da AZU, António Minhoto.
Este responsável frisou que, se no passado se dizia que era só nas minas que havia níveis elevados de radioactividade, hoje reconhece-se que há muitas outras zonas afectadas, «toda a envolvência, inclusive um parque onde se jogava futebol, que foi construído com material radioactivo vindo das minas e, por isso, tem de ser todo decapado e construído de novo».
Também alguns arruamentos registaram níveis elevados de radioactividade, lembrando o também antigo funcionário da ENU que, «às vezes, esgotos das minas rebentavam e as lamas iam por aí abaixo e ficavam depositadas» constantemente durante os anos de exploração de urânio.
«Hoje constatamos que a AZU tinha toda a razão quando dizia que isto era grave para a saúde», sublinhou, contando que em lugares onde diariamente estavam os trabalhadores foram registados «valores de 15/20 mil choques», quando «o organismo aguenta entre 200 a 300».
António Minhoto congratulou-se por a zona onde estava sediada a ENU ir transformar-se num «espaço turístico, aproveitado para debates, visitas científicas» e que terá uma zona museológica.
«Entendemos que deve ser o mais rápido possível para que os moradores da Urgeiriça fiquem sossegados de uma vez por todas e vivam num lugar bonito, que já não tem problemas ambientais que lhes alterem a saúde», acrescentou.
Apelou aos responsáveis pelas empreitadas que estejam atentos aos funcionários, por se ter apercebido em dias ventosos que os terrenos intervencionados não foram regados de forma a evitar que poeiras com partículas radioactivas se espalhassem.
António Minhoto foi informado de que está em concurso uma nova empreitada destinada à requalificação da zona da Barragem Nova e da renaturalização da Ribeira da Pantanha, obras que devem começar em Novembro.
Na Urgeiriça foram já inauguradas as obras de requalificação da Barragem Velha, que serviu de depósito a resíduos resultantes da exploração do urânio e era considerada a maior fonte de contaminação radioactiva da localidade, e a área mineira dos Valinhos, onde foi criado um parque de lazer.
Os técnicos da EDM que acompanharam a visita escusaram-se a prestar declarações aos jornalistas.
Lusa/SOL
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